Resenha de livro: O Exorcista

exorcistaBem vindos mais uma vez ao interior do meu Bunker. Hoje farei a resenha do meu último livro lido, o assustador “O Exorcista”. Vou contar um pouco do livro sem dar “Spoilers” para que o leitor que decidir ingressar nesse assombroso conto tenha toda a experiência e imersão necessárias a leitura deste tipo de literatura. É claro, se você viu o filme não vai ter muito sentido pois, salvo algumas particularidades próprias do tipo de mídia, as duas obras são praticamente idênticas.

Dados técnicos:

Sinopse:

A famosa atriz Chris McNeil após seu divórcio se muda com sua filha Regan para uma cidade

Cena do filme “o Exorcista”

pequena para estar mais próxima de seu emprego. Estranhamente sua filha começa a apresentar um comportamento estranho e agressivo. Após diversas visitas a médicos de todas as especialidades possíveis, incluindo psiquiatras o quadro de Regan passa a ficar mais grave e aparentemente sem solução. Em um certo momento da patologia a menina começa a apresentar traços de possessão, onde ela afirma ser o próprio Diabo. Após o amigo de Chis ser morto em sua casa com circunstâncias que levam a crer em rituais satânicos Chris tenta uma última e desesperada solução, contactar um padre exorcista. Paralelamente a esta trama um investigador encarregado de desvendar o macabro assassinato passa a seguir os passos de Chris.

 Resenha:

O Exorcista é um livro que dispensa em muito a sinopse para atrair o leitor. Segundo o autor, William

Cena do filme “o Exorcista”

Peter Blatty, ele decidiu escrever o livro após ficar impressionado com uma história que viu no jornal sobre um garotinho de 14 anos que passou por um exorcismo. O livro conta uma história linear, dividida em 3 atos: apresentação dos personagens (breve), o início da doença de Regan onde é narrado a intensa visita da protagonista a vários especialistas, com seus diagnósticos em palavras extremamente rebuscadas e sem sentido e finalmente o exorcismo, ponto alto do livro. Um pecado do livro que muitas pessoas dizem é que o segundo ato ficou extremamente longo em relação aos outros dois, mas nada que tire a tensão posta na narrativa.

Sem dúvidas é uma obra prima, digna do hall das mais famosas e clássicas obras de terror do século passado, revolucionando a literatura com narrações fortes, perturbadoras e autênticas, bem diferente do que tinham disponível na época como Edgar Allan Poe ou Howard Phillips Lovecraft. A obra até

Cena do filme “o Exorcista”

pode ser classificada como um romance policial com pitadas de sobrenatural. O livro é assustador, em alguns momentos você se convence que o narrador é o próprio demônio. O conteúdo é extremamente detalhado, sem chegar ao exagero de um senhor dos anéis é claro, mas em alguns pontos é extremamente visceral e nojento, dando náuseas em quem acompanha a trama. Até o erotismo do livro é macabro, principalmente quando são descritos os rituais negros que envolvem orgias com elementos sagrados e quando o demônio começa a violar o corpo da menina com objetos. O conteúdo é tão visceral que 3 anos após o lançamento do livro foi estreado um filme com o mesmo nome (1973) que arrastou multidões para as telinhas e até hoje (não levando em consideração as roupas e os cabelos da época) não parece ser datado. Muito marmanjo macho ficou algumas noites sem dormir pensando na projeção.

Em termos práticos não é realmente um livro (e nem um filme) de terror. O livro não começa contando a história das duas mulheres e sim em uma escavação onde um padre e arqueólogo procura vestígios de um demônio mitológico chamado Pazuzu (mitologia assíria e babilônica), que é o demônio dos ventos responsável pela fome e pragas e era representado por uma estátua extremamente super dotada.

Há também o personagem do policial que investiga o assassinato ocorrido na casa de Chris,

Cena do filme “o Exorcista”

personagem esse que dá o tom de thriller policial ao livro mas que é, de alguma forma, meio descartável para a trama, tendo sua função muito mais psicológica que prática (sem ele a maioria dos diálogos tensos do livro seriam feito em monólogos). O sobrenatural se insere aos poucos, de maneira lenta e gradual. Por incrível que pareça isso funcionou bem tanto no livro como no filme (não tem aquela coisa chata de assustar o espectador com coisas aparecendo do nada, com ratos ou panelas caindo). A narrativa começa a ganhar força quando é inserido o Padre Jesuíta Damien Karras (professor e psiquiatra), que começa a acompanhar a menina, porque ele representa um homem em crise de fé e por sentimento de culpa pesado pela morte de sua mãe.

Sua fé é tão abalada que, como estamos vendo o livro em grande parte sob sua ótica, até perto do fim muitas pessoas tem dúvida se realmente a menina está possuída por um demônio, um espírito ou se é alguma crise de esquizofrenia, pois ele procura resposta física para cada manifestação que presencia. Para resumir diria que o livro é uma história sobre fé, sobre o que é divino e o que é físico, e em sí é um ótimo suspense com tons de terror e teologia envolvidos no desenrolar da trama.

 Recomendo. Uma ótima leitura para vocês!

 Nota: 08/10

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