Olhar fixo. Foco…
Estava fixando meu olhar no lado esquerdo de seu torso, um pouco acima da linha da cintura, pois acompanhando suas lutas vi que foi derrotado algumas vezes por sequências bem colocadas de golpes nessa região.
Num gingado bem sutil, circulando em volta dele, tentei antecipar a hora em que ia golpear, guardando a chuva de golpes mortais vir para que pudesse puxar um contra ataque igualmente viril e fulminante. Nesse momento o músculo abaixo da minha pálpebra esquerda começa a se tencionar, a pele sobre ele está suando em excesso. Involuntariamente levo as costas de minha mão aos olhos, em movimentos rápidos que parecer pequenos tiques nervosos. Que sentimento provoca isso? Será a adrenalina bombeada forte no sangue? Seria o medo? Não o medo que a figurante peituda sente ao ver seu namorado paspalho sendo desmembrado por um serial killer num filme de terror para adolescente, mais aquele medo visceral, que sentiu Harry Truman ao dar a ordem para o envio da Little Boy, a bomba atômica que arrasou o Japão ou o que sentiu Caio Julio César ao partir com seu exército romano contra um inimigo com o dobro de sua força… É o medo que podemos controlar e usar como impulso para aumentar a força residente no corpo. E esse medo é bem mais domesticável que a raiva.
Rosados, seios pequenos e rosados, tão firmes que eu tinha que mor…
Foco, cara, não se disperse… Acho que quando a testosterona aumenta a níveis estratosféricos no meu corpo viril me vem à mente alguns de meus gostos exóticos, mais isso não pode tirar minha concentração da luta. Nesse momento sinto que o meu oponente inclinou levemente o corpo pra trás. Vicio de seu treino em capoeira, e sinal que ele vai tentar um chute rodado. Dito e feito, e eu estava muito próximo, perdendo a oportunidade de recuar e agarrá-lo quando, num décimo de segundo apenas, estivesse de costas pra mim, pois um capoeirista sempre completa o giro em seus golpes. Minha única opção é baixar a cabeça e sentir o deslocamento da passagem de ar provocada pela sua perna logo acima de minhas orelhas. Eu estava abaixado, quando num lampejo de visão tive acesso ao seu ponto fraco, a área pretendida. No momento de seu retorno a base de luta quase intransponível tive apenas um breve momento muito bem aproveitado para firmar meu punho direito em seu ponto fraco no tórax, fazendo com que ele recuasse de dor.
Voltamos a ficar de pé. O relógio marca menos de 45 segundos. Meu rosto tinha manchas de sangue coagulado, meu nariz já estava anestesiado de tanto doer, por isso não sentia mais nada além de um forte incômodo quando inspirava o ar quente do combate. O meu oponente estava com dificuldades de ficar em pé, e já estava colocando a mão na região de seu rim, sinal de que se eu tivesse mais 3 abençoados minutos seria o vencedor dessa luta. Tenho que derrubá-lo o mais rápido possível, minha única alternativa era atacar com tudo num salto em direção a sua defesa, e torcer para que ele defendesse num reflexo, ao invés de atacar.
Aquela bunda, linda, apesar de grande e curvilínea, milagrosamente possuía duas covinhas, que eram mascaradas pelos longos cabelos negros que escorriam como…
Foi um soco em cheio, quando voltei a mim, só vi a luva a uns 5 centímetros de meu olho direito, não dava pra baixar, não dava pra defender, o que eu poderia fazer era modificar o ângulo do meu rosto em relação as luvas azuis gastas para provocar o mínimo de danos a minha face, e foi o que fiz, virando o rosto para o ângulo contrário ao braço dele e recebendo o impacto que fez meu corpo girar 180 graus. Fiquei cego por 5 segundos, tive que recuar ou ele iria encaixar mais golpes, mais ele veio pra cima… Estava descontrolado, cara esperto, sentiu a minha repentina saída do mundo e não desperdiçou a chance… Faltam 8 segundos, agarrei-me a ele, pois não tinha mais o que fazer, ele até tentou se livrar da circunferência de minha envergadura, mais fixei tão forte os braços que o máximo que ele podia fazer era me dar joelhadas no baço, que era tão calejado que nem chegavam a doer… Foram 3 joelhadas dele, uma minha bem dada em seu ponto fraco e finalmente ouvimos o gongo.