O iPhone brasileiro é um dos smartphones mais caros do mundo (senão o mais). Mesmo se colocarmos todo o lucro da Apple, valor do dólar, lucro da loja local, impostos do governo, etc fica meio surreal chegar na conta usada pela empresa para justificar um preço tão discrepante do que é praticado fora das terras brasileiras.[pullquote]Nada mudou, a nova era da indústria de eletrônicos de ponta fabricados no Brasil a preços justos ficou só no papel.[/pullquote]
Os fãs da maçã tinham a última esperança de que o produto caísse de preço com a tão esperada chegada da fabricante taiwanesa Foxconn Technology no Brasil, pois iriam ser abolidas grande parte dos fatores que “salgavam” o preço final dos tão almejados smartphones (principalmente os impostos de importação dos componentes) e a empresa iria contar com vários incentivos fiscais do governo.
Só que isso não ocorreu. Nada mudou, a nova era da indústria de eletrônicos de ponta fabricados no Brasil a preços justos ficou só no papel. O novo iPhone 6 (Modelo A1549) e o iPhone 6 Plus (Modelo A1522) são produzidos perto de São Paulo, os únicos feitos fora da China mais mantém o preço muito superior ao que é praticado fora do país.
Em abril de 2011 (quatro anos atrás), quando a Foxconn se comprometeu a fabricar os produtos da Apple no solo Brasileiro, o governo, representado pela presidente Dilma Rousseff prometeu que a entrada de capital estrangeiro, num montante de quase 12 bilhões de dólares em investimentos nos próximos seis anos transformaria todo o setor de tecnologia brasileiro e o colocaria na vanguarda do desenvolvimento de telas sensíveis ao toque, gerando empregos e derrubando os preços impraticáveis cobrados na linha de aparelhos eletrônicos das empresas que usavam a tecnologia da fabricante (principalmente a Apple), contudo hoje nada disso se tornou realidade.
A Foxconn criou apenas uma pequena fração dos 100 mil empregos que foram projetados pelo governo, a maioria de cargos de baixa qualificação e a evolução almejada ficou só no papel.
Especialistas creditam esse péssimo cenário a fraqueza da política industrial brasileira, definida por caros incentivos fiscais que levaram a um amplo déficit do governo sem impulsionar o crescimento. A economia está beirando à recessão e a produtividade da força de trabalho brasileira está estagnada. O incrível é que as vendas de iPhones no Brasil estão alcançando recordes seguidos. De acordo com a empresa de pesquisas Gartner as vendas subiram mais de 40% esse ano.
Questionadas por jornalistas especializados no assunto, nem a Apple, representantes do governo brasileiro ou até mesmo o setor de relações públicas da Foxconn quiseram comentar sobre o assunto.
Fonte da pesquisa: agência Reuters.
