Guerra: Microsoft acusa Google de boicotar Windows Phone e favorecer Apple

Guerra Microsoft vs Google

É notícia na imprensa especializada: a Microsoft acusa Google de boicotar Windows Phone e favorecer o Android e a Apple. O aparente desentendimento entre as duas empresas vem ficando cada vez mais evidente.

[pullquote]De acordo com a Microsoft, o objetivo da empresa era um boicote ao seu Windows Phone.[/pullquote]As coisas começaram em maio de 2013, quando o Google impôs a Microsoft a retirar o aplicativo do YouTube de seus Smartphones e loja com o argumento de que não havia dado consentimento para seu desenvolvimento. Além disso na época apontou problemas de segurança na aplicação que permitiam que os usuários pudessem baixar os vídeos sem dificuldades e a nítida impossibilidade de exibir anúncios nas páginas de forma rentável para a gigante de buscas. Conforme a Google desejava a Microsoft retirou o app do ar e fez uma reengenharia para melhorá-lo, recolocando-o na loja com uma cara nova.

Só que a Google bloqueou o app pela 2ª vez. David Howard, vice-presidentes da Microsoft para assuntos jurídicos, comentou sobre o ocorrido:

“Nós tiramos nosso app do ar e concordamos em trabalhar com o Google para resolver as questões deles. Nessa semana, depois de cumprir cada um dos pontos exigidos pelo Google, nós relançamos o app, apenas para que fosse tecnicamente bloqueado pelo Google. As objeções do Googlex ao nosso app não são somente inconsistentes com os compromissos de abertura do Google, mas também envolvem requerimentos para um app no Windows Phone que não são impostas à sua própria plataforma ou à da Apple”.

De acordo com a Microsoft, o objetivo da empresa era um boicote ao seu Windows Phone, pois cumpriu todas as exigências do Google para o aplicativo, itens que não foram aplicados à Apple e tão pouco estão no aplicativo do Android. Para a Microsoft, o real problema é que o app não está em HTML 5.
Sobre isso David Howard falou que a empresa se postou da seguinte maneira:

“Experts das duas companhias reconheceram que criar um app do YouTube baseado em HTML 5 poderia ser tecnicamente difícil e demandar muito tempo, o que, acreditamos, é o motivo pelo qual YouTube ainda não fez essa conversão em seus app para iPhone e Android. O problema com esse argumento, claro, é que o Google não está cumprindo com essa condição para Android e iPhone. Cremos que está claro que Google apenas não quer que os usuários do Windows Phone tenham a mesma experiência que os do Android e da Apple, e suas objeções não são nada mais do que desculpas”.

Formalizando o relato Howard divulgou uma carta aberta seus clientes da empresa. Veja aqui uma tradução desta carta feita pelos editores do site faixamobi:

“Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu com o aplicativo do YouTube pra Windows Phone. Em Maio, depois de lançarmos uma versão com diversas melhorias para nossa plataforma, o Google questionou uma série de itens da aplicação. Nós retiramos o aplicativo da loja e trabalhamos com o Google para resolver estas questões. Nessa semana, após nós endereçarmos cada um dos pontos citados pelo Google, relançamos o aplicativo apenas para que o Google o bloqueasse.

Nós sabemos que isso é frustrante para nossos consumidores. Nós sempre tivemos um objetivo: prover ao usuários de Windows Phone, a mesma experiência que o YouTube oferece aos usuários de iPhone e Android. Os motivos apontados pelo Google não só são incompatíveis com o compromisso do Google de ser uma plataforma aberta, mas também envolvem requerimentos ao aplicativo do Windows Phone, que não são solicitados ao iPhone e Android (ambas plataformas usando a busca do Google como default, é claro).
Inicialmente quando nós construímos um aplicativo do YouTube para Windows Phone, nós fizemos isso com o entendimento de que o Google pretendia ampliar seus negócios com base em acesso aberto a suas plataformas e conteúdo, um ponto que foi reiterado no ano passado. Como o Google passa por uma investigação “antitruste” seus executivos reiteraram o compromisso com a transparência e a capacidade de manter seus compromissos de abertura de forma voluntária.
Com este pano de fundo, nós temporariamente retiramos nosso aplicativo do ar quando o Google se opôs a ele em Maio, e passamos a trabalhar nos itens exigidos pelo Google. Nós habilitamos os anúncios do Google, desabilitamos o download de vídeos e eliminamos a capacidade dos usuários de assistirem vídeos privados. Fizemos tudo isso sem custo algum para o Google, o qual pensamos que gostaria de ter um aplicativo para Windows Phone que trouxesse receita adicional para o Google através dos novos usuários.
Havia um pontos de discórdia na colaboração. O Google nos pediu para fazer a transição do nosso aplicativo para uma nova linguagem de codificação HTML5. Esse foi um pedido estranho já que nem o aplicativo do YouTube para iPhone, nem sua versão para Android são construídos em HTML5. No entanto, temos dedicado recursos significativos em engenharia para avaliar essa possibilidade. No final, especialistas de ambas as companhias concluíram que construir um aplicativo do YouTube em HTML5 seria tecnicamente muito difícil e consumiria muito tempo, o qual assumimos ser o motivo do Google ainda não ter convertido seus aplicativos de iPhone e Android para esse padrão.
Por essa razão, tomamos uma decisão nessa semana e publicamos nossa versão não-HTML5 enquanto continuaríamos com nosso compromisso de trabalhar com o Google ao longo do tempo para construir uma versão baseada em HTML5. Nós acreditamos que essa abordagem entrega aos nossos usuários uma experiência de curto prazo nas mesmas condições das demais plataformas enquanto acontece essa eventual transição para a nova tecnologia. O Google, porém, resolveu bloquear o acesso dos nossos usuários ao nosso novo aplicativo.
Parece que as razões do Google para esse bloqueio são inventadas para que não possamos dar aos nossos usuários a mesma experiência oferecida no Android e iPhone. As barreiras do Google são impossíveis de serem superadas e eles sabem disso.
O Google alega que um problema do nosso aplicativo é que ele não oferece anúncios baseado nas condições impostas por seus criadores. Nosso aplicativo atende aos anúncios do Google utilizando todos os metadados disponíveis. Nós solicitamos ao Google que fornecesse as mesmas informações que o iPhone e Android recebem para que nós pudéssemos viabilizar o mesmo caminho utilizado por eles para exibir anúncios. Até agora pelo menos, o Google se recusou a nos dar essa informação. Nós estamos confiantes que podemos resolver isso se o Google cooperar, mas arrumar estas questões depende totalmente do próprio Google. Se o Google parar de bloquear nosso aplicativo, ficaremos felizes em trabalhar com eles nisso com todo o custo arcado pela Microsoft.
O Google ainda alega que nós não estamos atendendo os “termos e condições”. O que o Google realmente quer dizer é que o nosso aplicativo não é baseado em HTML 5. O problema com esse argumento, é que o próprio Google não atende a esse requisito no iPhone e no Android. Mais uma vez, nós ficamos felizes em colaborar com o Google em um aplicativo HTML 5, mas não nos deve ser exigido algo que aparentemente nem no iPhone nem no Android houve êxito em descobrir como implementar.
O Google também se preocupa com a marca. O engraçado sobre este ponto é que nós estamos utilizando a mesma marca desde 2010 quando tínhamos um aplicativo de qualidade inferior para o YouTube. Agora que nós temos um aplicativo que oferece uma experiência mais completa, o Google se opõe ao uso da marca (mesmo nós temos tomado precauções para deixar claro que nós somos os autores do aplicativo). Vai entender.
Por fim, o Google cria uma experiência ruim. Desde 2010, o Google permitiu aos usuários de Windows Phone ter um aplicativo do YouTube que fosse inferior ao do iPhone e Android. As avaliações do nosso novo aplicativo são unânimes em dizer que a experiência foi muito melhorada, e nós estamos comprometidos em fazer os ajustes necessários para melhorá-la ainda mais. Se o Google realmente estivesse preocupado com uma experiência ruim, nos permitira usar o novo aplicativo que os nossos usuários amam.
Achamos que está claro que o Google não quer que os usuários de Windows Phone tenham a mesma experiência do Android ou iPhone, e os seus requisitos são nada mais do que desculpas. No entanto, estamos empenhados em dar aos nossos usuários a experiência que eles merecem, e nós estamos felizes em trabalhar com o Google para solucionar quaisquer preocupações que eles tenham. Enquanto isso, nós mais uma vez solicitamos ao Google que pare de bloquear nosso aplicativo do YouTube.”

Paralelo a isso, o site The Verge, afirmou que os Lumias 930 e 630 são os primeiros aparelhos de muitos da Microsoft a abandonar o Google como buscador. Antes, quando digitavam alguma informação, o celular poderia buscar pelo Google ou pelo Bing, mas agora, a opção de “buscar usando o Google” foi removida.

De acordo com o site de notícias Bussiness insider, muitos desenvolvedores acreditam que Google está manipulando as propagandas para reduzira receita paga aos aplicativos do Windows Phone pelo AdMob, numa suposta tentativa tornando mais difícil para desenvolvedores do Windows Phone rentabilizar seus aplicativos e assim migrarem para outras plataformas, principalmente o Android (algumas ferramentas desenvolvidas pela google conseguem portar o código de uma plataforma para outra de forma rápida).
Os desenvolvedores que utilizam o serviço afirmam que a quantidade de espaço publicitário vendido em seus apps caiu de 99% para abaixo de 10% em apenas um dia no início de maio. Outros profissionais afirmam que a receita gerada por anúncios do AdMob diminuiu 80% e outros membros de um fórum especializado também disseram que estavam enfrentando problemas semelhantes.
Um desenvolvedor chegou a dar o seguinte depoimento:

“Claro, o Google está tentando matar a plataforma Windows Phone, e essa enorme queda foi depois da Build 2015, coincidência?”.

Em comunicado, o Google afirmou que não existe nenhum boicote a plataforma e o problema com o aplicativo do YouTube ocasionado pela Microsoft não fez as atualizações necessárias.

Opinião do Editor

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