Sua pontualidade (ou a falta dela) em pauta

Esses dias fui na festa de aniversário de uma pessoa que conheço a um tempo e nesse evento tive a oportunidade de ver como as pessoas lidam com a tolerância e a pontualidade. No convite dizia que a festa estava com o início marcado para às 20h. Lembro que tinha um compromisso às 16h, desmarquei para ter tempo de me arrumar e sair de casa tranquilo, afinal eu não sabia onde era o endereço, teria que me guiar pelo GPS. Como sempre temos que contar com a “lei de Murphy” o GPS travou e me direcionou para outra rua, tivemos que dar a volta e por isso chegamos no local as 20h em ponto (queríamos ter chegado um pouco antes).

Quando chegamos lá qual foi a nossa surpresa, pois não tinha chegado ninguém na festa, os parentes ainda estavam arrumando a sala e a aniversariante ainda estava com as roupas do dia se preparando para ir tomar banho!

De acordo com os pais da aniversariante, o que acontece todos os anos é que eles marcavam o aniversário para as 21 horas e o pessoal só começava a chegar as 23 por isso marcaram com antecedência para que as pessoas tivessem seu atraso proposital antecipado e assim chegassem no horário correto. E foi dito e feito, as 21 horas que os primeiros atrasados começaram a chegar e as 23 que a festa realmente começou.

Porque o brasileiro é tão tolerante e atrasado? No mundo todo o brasileiro é motivo de piadas por essa cultura da “falta de compromisso”.

Quem nunca passou por esses casos:

“Chegou na faculdade atrasado? É normal, a turma tem tolerância no horário e o professor volta um pouco da matéria, se sentir dificuldade.”

“Marcou aquele jantar as 20h? Espere um pouco, atraso para compromisso pessoal é charme.”

“Cadê seu irmão? Acabei de ligar para ele, ele disse que está no trânsito, mas falou com uma voz de quem acabou de levantar da cama.”

“Que lugar é aquele vazio ao lado da noiva? É do padrinho, espero que ele chegue antes do final da cerimônia…”

Isso sem falar naquela empresa que instala TV a cabo, da empresa de energia, do serviço de entrega, que lhe dá um horário exato para aparecer, mas se dermos sorte chegará antes do final da semana (ou do mês).

Reuniões, cafés-da-manhã, ônibus, trens, metrôs, avião… A falta de pontualidade no Brasil é cultural. Está presente em todas as áreas, em todos os níveis.

Eu reclamo, mas sou de uma minoria que aprendeu da pior forma possível às consequências da falta de pontualidade. Sou formado em uma escola militar onde se a pessoa atrasasse que fossem 15 segundos, perdia a viatura que trazia a comida e passava o restante do dia com fome. Tive muitas vezes que me virar comendo folhas ou alguma coisa menos asquerosa que encontrasse na selva. Compromissos num quartel tem hora exata para começar e terminar e os atrasados na maioria das vezes tem que responder por não estar onde deveriam na hora em que foi determinado. O trem quebrou? E por que não saiu de casa 30 minutos antes se programando para uma eventualidade?

Esses atrasos inocentes, essa tolerância com tudo, aos poucos vai se tornando algo comum e com o tempo passa a ditar o comportamento das pessoas e vira sua marca registrada, ao ponto de nem mais contarmos com ela para alguma reunião ou evento, a tratando como uma mera expectadora.

Uma coisa é bem clara: A pontualidade é uma das mais notáveis características das pessoas bem-sucedidas e o atraso, principalmente o intencional, nada mais é do que uma total falta de respeito com o tempo das pessoas que estão te esperando, como se dissesse: “eu não ligo a mínima para a sua vida ou seus compromissos, me espere que quando achar mais conveniente apareço ai”.

A pontualidade não é favor, não é uma benevolência, a pessoa tem o dever de controlar o próprio tempo. Chegar no horário marcado é um gesto mínimo de respeito para com o outro e de demonstração da força de sua palavra e do nível de sua responsabilidade. Chegar no horário aumenta o valor a sua imagem, mas seu atraso constante gera desconforto e destrói sua reputação pois passa a imagem de que você é uma pessoa atrapalhada, que tem dificuldades em honrar compromissos e que se trava em qualquer obstáculo, até os mais pequenos, como uma simples fila para estacionar o carro. Pense, isso pode atá acabar com a sua carreira!

Me atrasei, não é culpa minha, o que fazer?

Realmente, algumas vezes não é humanamente possível chegar no horário marcado. O carro quebrou na estrada, o ônibus bateu, a sua casa alagou com a chuva da noite… Mas nesses casos é uma situação extraordinária e não o caso daquela pessoa que arruma as desculpas mais absurdas ao comunicar o seu atraso, aquele sujeito que tem 25 tias e toda sexta feira uma morre.

O que devemos fazer para evitar é nos preparar com antecedência, acordar mais cedo quando o compromisso for importante, verificar se existe a possibilidade de atraso e nos precaver. Por exemplo, se assistir na televisão que há um acidente grave no caminho para o trabalho, refaça sua rota ou tente chegar por outro meio.

E se não tiver jeito e o atraso (ou a falta) for inevitável, DÊ SATISFAÇÃO A QUEM ESTÁ LHE AGUARDANDO! Hoje em dia todos tem telefone fixo ou celular, e além de voz existem comunicadores eficientes como WhatsApp, Facebook Messenger, FaceTime, Skype e até mesmo o velho e eficiente SMS. Saber que não vai comparecer ou que um contratempo vai lhe atrasar deixará a pessoa menos preocupada com você e sua segurança e lhe dará a chance de “manobrar” a situação da melhor forma.

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