Resenha: O Crepúsculo e a Aurora (Ken Follet)

No livro Ken Follett conta uma história de luta por justiça na idade das trevas

[vc_row][vc_column][vc_column_text]

Ken Follet  tem a impressionante marca de 170 milhões de cópias vendidas de seus 36 títulos, em 80 países e 33 idiomas.

Eu fiquei viciado em suas obras após ler o grandioso “Os Pilares da Terra” (a minissérie nem chegou perto do livro) e desde então procuro ler todos os livros dele com essa temática.

Na verdade existe uma série cronológica de livros sobre a cidade fictícia de Kingsbridge e seus moradores, que sempre envolvem uma mistura de ótimas histórias, personagens cativantes, boa trama e uma impecável escrita.

O livro “O crepúsculo e a Aurora” é na verdade um prequel de “Pilares da Terra”, contando a história da fundação da cidade, quando ela ainda se chamava “Travessia de Dreng” ao invés de “Ponte do Rei”.

De acordo com o autor, foram três anos dedicados a esta obra – um para pesquisar e planejar, outro para escrever e ouvir seus leitores e consultores próximos e o terceiro para reescrever.

Durante a apresentação deste livro, ele afirmou que a obra se trata da luta pela justiça, ou seja, não importa o tempo que ele está retratando ou os fatos históricos em que se baseia: o pano de fundo de sua obre é a luta de pessoas comuns por algum tipo de liberdade.

“Isso significa que os conflitos vividos pelos personagens não são meramente egoístas, mas têm um propósito nobre”

A trama cobre uma década da vida dos personagens, de 997 até 1007, de uma Inglaterra cheia de problemas que luta contra seguidas invasões de seu território. O pais estava sob disputa de três grupos: os anglo-saxões, os vikings e os normandos.

O fim do século X é um momento em que a Inglaterra começa a tomar um novo rumo depois de meio século de progresso quase nulo. A história se passa então entre o fim da Idade das Trevas e o começo da Idade Média, que representou o renascimento da Europa como civilização. Como o título do livro fala, a aurora.

O livro narra três histórias que se entrelaçam. A de Edgar, um jovem construtor de barcos que está prestes a se casar com a mulher que ama, quando sua terra é destruída pelos vikings e ele precisa se mudar. A de Ragna, uma princesa normanda rebelde e inteligente que se apaixona por um nobre saxão enrolado e problemático e Aldred, um monge idealista que quer transformar sua abadia em um centro de estudos (característica marcante de Follet: um construtor, uma nobre e um religioso no centro de suas tramas). No caminho dos três, surge um vilão poderoso e sem escrúpulos, o bispo Wynstan.

As tramas políticas, os casamentos arranjados, bigamia, a disputa de poder entre nobreza e clero (típica das tramas de Follet), escravidão e a conveniente falta de ação do Rei quando seus interesses são colocados em jogo são o que há de melhor no livro.

Eu sempre falo que daquela época do mundo podemos ver os acontecimentos em 3 visões distintas: da nobreza inglesa nos livros e séries das Crônicas Saxônicas de Bernard Corwell, da vida dos nórdicos na série Vikings e do dia a dia dos plebeus nos livros de Ken Follet, três visões diferentes do mesmo acontecimento.

De críticas ao livro, poderia falar que em sua tentativa em contar essa história Follett economizou em detalhes. No livro há pouca informação sobre esse período, mas segundo o autor, naquele tempo as pessoas não escreviam muito e as construções, de madeira, não sobreviveram.

“Sempre que posso, uso a informação autêntica, mas, quando não é possível, uso a imaginação. Em um romance histórico, é permitido inventar”

Explicou o autor, que na entrevista confessou que muito do que escreveu, como a descrição das roupas íntimas dos personagens, foram tiradas de sua cabeça por falta de evidências históricas sobre o assunto.

Interior da Catedral de Salisbury

De qualquer forma ele teve um time de colaboradores, historiadores e consultores para, como ele diz, “não passar vergonha” caso escorregue em alguma informação.

Outros pontos a considerar na obra é que por ser um prequel a obra carece de um grande suspense. A narrativa se desenrola sem uma grande trama, sem suspense e sem um ápice, e por alguns personagens estarem fora do seu tempo (idade média) como por exemplo os três principais: Edgar, Aldred e Ragna, destemidos, práticos e com iniciativa, coisa impossível de acontecer naquela época (nos outros livros vemos como era difícil até mesmo para um nobre enfrentar as forças dominantes da época e a punição que era imposta para quem tentava).

Mas é claro, se levarmos como ficção, esses pequenos detalhes não vão tirar nosso prazer de consumir essa grande obra.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

[vc_row][vc_column]

Título: O Crepúsculo e a Aurora
Autor: Ken Follet
Editora: Arqueiro (15 setembro 2020)
Páginas: 704
Ano de Lançamento: 2020
Gênero: Romance histórico
Sinopse:
Em 997 d.C., a Inglaterra enfrenta ataques dos galeses de um lado e dos vikings do outro. Os homens que estão no poder fazem justiça de acordo com os próprios interesses, ignorando o povo e muitas vezes desafiando o próprio rei. Na falta de uma legislação clara, o caos reina absoluto. Nesse cenário de selvageria, a vida de três jovens se entrelaça de maneira brutal. Um construtor de barcos vê sua terra ser dilacerada pelos vikings e é forçado a se mudar com a família para um povoado inóspito. Uma nobre normanda desafia os pais para se casar com o homem que ama e, assim que chega à Inglaterra, se vê envolvida em uma constante e violenta disputa pela autoridade em que qualquer passo em falso pode ser catastrófico. Um monge sonha em transformar sua humilde abadia em um centro de estudos conhecido na Europa inteira. Todos eles lutam por um mundo mais justo, próspero e livre. E todos cruzam o caminho de um bispo inteligente e cruel que vai fazer o que for preciso para aumentar sua influência e sua fortuna. Com uma trama elaborada que une um extenso trabalho de pesquisa histórica a uma criatividade extraordinária, O crepúsculo e a aurora é um presente tanto para os leitores veteranos de Ken Follett quanto para quem deseja conhecê-lo.
[/vc_column][/vc_row]
Sair da versão mobile