Há alguns anos a empresa israelense Cellebrite ficou famosa quando colaborou com o FBI para desbloquear o iPhone 5c do terrorista que realizou um atentado em San Bernardino (EUA). Mais uma vez colaborando com as autoridades ela voltou a chamar a atenção da mídia nesta semana: seu software de decriptografia foi utilizado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para obter mensagens apagadas de celulares, dentro da investigação sobre a morte do menino Henry Borel.
A mãe do garoto, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador e médico Dr. Jairinho, foram presos na quinta-feira (8). Henry Borel tinha 4 anos quando morreu na madrugada de 8 de março, no quarto do apartamento onde morava com a família. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) mostrava que o corpo tinha escoriações no nariz, hematomas no punho e abdômen, lesões hemorrágicas na cabeça e rompimento do fígado.
“Hoje temos todos os elementos probatórios e podemos sim afirmar que temos provas que essa criança foi assassinada e não foi vítima de um acidente doméstico”
Afirmou o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC).
Segundo o delegado:
“O Cellebrite foi uma prova técnica essencial, muito forte […] O software permitiu recuperar prints de conversas via WhatsApp entre Monique e a babá; a mãe havia apagado as imagens do celular.
Nós encontramos no celular da mãe prints de conversa que foram uma prova extremamente relevante. Era uma conversa entre a mãe e a babá que revelava uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá relata que Henry contou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma rasteira e o chutou.”
A Secretaria da Polícia Civil adquiriu o Cellebrite em 31 de março, quando o governador Cláudio Castro liberou a verba para aquisição do sistema. Os celulares de Monique e do Dr. Jairinho haviam sido apreendidos no dia 26.
Em seu site oficial, disponível também em português, a Cellebrite vende um produto que garante “acesso premium a todos os dispositivos iOS e Android de última geração”, capaz de desbloquear celulares e extrair informações. O Cellebrite Premium promete recuperar a senha do IOS e extrair todas as informações do sistema. O mesmo seria possível em dispositivos Android.
A Cellebrite, é claro, não entra em detalhes sobre os métodos para contornar as proteções de segurança do iOS e Android. No entanto, sabe-se que ela aproveita falhas de segurança não-corrigidas a fim de realizar a invasão.
