A notícia do cancelamento de Sandman após sua segunda temporada pegou muitos fãs de surpresa, mas a decisão da Netflix não foi baseada em um único fator. Na verdade, uma tempestade perfeita de elementos criativos, financeiros e até mesmo polêmicos culminou no fim da jornada de Morfeu no streaming.
aponta-se três razões principais para a decisão da plataforma:
- o alto custo de produção da série,
- a falta de material original para continuar a história do protagonista e, por fim, mas não menos importante,
- as acusações de má conduta sexual contra Neil Gaiman, o criador dos quadrinhos que inspiraram a adaptação.
A maldição do orçamento elevado
Não é segredo para ninguém que a Netflix investe pesado em suas produções originais. Com Sandman, não foi diferente. Relatos de 2022 indicavam que cada episódio tinha um orçamento de cerca de 15 milhões de dólares, o que a colocava entre as séries mais caras do catálogo. O universo onírico e os efeitos visuais complexos da obra de Gaiman exigiam um nível de produção altíssimo, e isso, claro, tinha um preço.
Apesar da série ser elogiada pela qualidade visual, a Netflix, como uma entidade empresarial, precisa que o retorno de audiência justifique o investimento. Mesmo com a base de fãs dedicada e o reconhecimento da crítica, Sandman não se tornou um fenômeno de público como Wandinha ou Stranger Things, o que tornou difícil sustentar um orçamento tão elevado. É como tentar manter o motor de um Batmóvel com o tanque de um fusca; simplesmente não dá certo a longo prazo.
O enigma do material-fonte
Apesar de ser baseada em uma obra rica e vasta, o showrunner Allan Heinberg afirmou que a série sempre se concentrou na história de Sonho (Morfeu). Em uma análise do material remanescente das HQs, a equipe criativa percebeu que havia história suficiente para apenas mais uma temporada, ou seja, a segunda. Essa seria uma das principais razões para o encerramento da produção, a fim de dar um final orgânico e planejado para a série, sem prolongar a história artificialmente.
Não que não houvesse material para outras histórias, como arcos de outros Perpétuos, mas a decisão foi focar na jornada de Morfeu para, de certa forma, dar um desfecho mais satisfatório para a narrativa principal.
A sombra de Neil Gaiman
Aqui a história fica um pouco mais cinzenta. É inevitável contextualizar o cancelamento de Sandman com as recentes acusações de má conduta sexual contra Neil Gaiman. Embora a Netflix não tenha se pronunciado oficialmente sobre a relação direta entre as denúncias e o fim da série, o contexto é um tanto quanto intrigante. Afinal, essa controvérsia já afetou outros projetos do autor, como o cancelamento de um filme e a suspensão de um musical.
É como a névoa de um pesadelo que, mesmo que não seja o motivo principal do cancelamento, certamente contribuiu para a atmosfera. A combinação de custos elevados e um material-fonte limitado já eram grandes obstáculos, e as polêmicas com o criador dos quadrinhos só trouxeram mais um peso para a produção.
No final das contas, o cancelamento de Sandman foi um resultado da junção de fatores. Os fãs podem lamentar o fim da série, mas a decisão da Netflix, por mais dolorosa que seja, parece ter sido uma estratégia para evitar a perda de dinheiro em uma produção de alto risco e, claro, se distanciar das polêmicas que estavam rondando o criador.
Referências:
Imagem:
- Créditos: Divulgação/Netflix.