Um dia estava no restaurante do meu trabalho, tomando meu café expresso habitual e lendo notícias em meu iPad quando sentou a minha frente um rapaz com sua bandeja de café, provavelmente um novato e puxou assunto. Ele perguntou que tablet maravilhoso era aquele, se era o novo Galaxy Tab. Eu falei com ele que era um iPad de nova geração e o menino decepcionado me disse: cara, é um Apple, nunca tinha visto um assim, mas prefiro o Android. Eu perguntei a ele porque preferia o robozinho, pois o cara nunca tinha tido contato com o mundo Apple e ele me falou: porque o Android é livre, os aplicativos são de graça!
Ele provavelmente tinha um celular Android de entrada e baixava seus Apps daqueles sites de programas piratas. Longe deste artigo ter a pretensão de convencer vocês de qual e o melhor sistema operacional, vou me ater aqui somente ao problema da pirataria.
Essa conversa me levou ao tempo em que a informática começou a deslanchar, por volta dos anos 90. Nessa época só tínhamos como opção o Microsoft Windows. A maioria dos programas disponíveis eram em inglês e os que tinham no Brasil, além de escassos eram extremamente caros. Por exemplo, um aplicativo simples, de alarme chegava a custar 100 dólares.
E além do valor extremamente alto não tínhamos manual em português e nem suporte, sem contar que alguns não funcionavam com nosso hardware exótico (ao contrário dos EUA, nossas placas vinham da China e do Japão, que naquela época eram sinônimos de baixa qualidade).
Qual foi a solução encontrada pelo pessoal do jeitinho brasileiro? Piratear. Compravam-se CDs completos de aplicativos, e um pacote básico, que sairia por mais de 5000 reais acabava custando no máximo 20. Com a invenção dos smartphones (na início iPhone e Symbian) o problema refletiu nos aplicativos móveis. Você comprava 1 app para seu Nokia por 40 dólares ou mais é o famigerado não funcionava direito, e a softwarehouse nem lhe dava uma satisfação de como e quando resolveria o programa. Era a realidade do Brasil em uma época que não tínhamos acesso a internet e nem a produtos do exterior.
Mas hoje em dia o cenário mudou.
Se os leitores pesquisarem na AppStore, PlayStore, Amazon ou qualquer outra loja de programas online, 99% dos aplicativos custam no máximo 2 dólares. Levando em consideração que muitos de vocês trabalham em casa, confirmando a máxima de que tempo é dinheiro, sai bem mais custoso você pesquisar, baixar, verificar com antivirus, instalar e testar um aplicativo pirata, que não vai ser atualizado automaticamente, quando por 1 dólar, menos que uma latinha de refrigerante, você instala algo autêntico em seu smartphone, leva no contrato pelo menos 1 ano de atualizações automáticas gratuitas, tem a posse do aplicativo original pra você e incentiva o desenvolvedor a criar coisas melhores.
Por termos a mentalidade antiga ainda, pirataria anda a passos largos, principalmente no mundo Android, que tem menos restrições quando a instalação e controle dos aplicativos.
Pelos números oficiais da Google e da Apple, maiores empresas do ramo, apenas 1% dos fabricantes de aplicativos móveis ganham mais de 500 dólares de lucro por seus produtos e segundo os grandes jornais mundiais sobre economia, somente 0,01% dos Apps vão gerar lucros reais para seus desenvolvedores até 2018 por dois motivos: primeiro que o mercado está saturado, sem novidades interessantes e segundo pela pirataria.
Pense muito bem antes de usar um aplicativo desbloqueado em seus celulares. Além deles não possuírem suporte, atualização, lhe fazem correr o risco de instalar sem saber um vírus ou um malware em seu dispositivo e ainda estão deixando de incentivar aquele desenvolvedor que perdeu tempo pesquisando, codificando, testando, criando a propaganda, manuais, custo com hospedagem e horas longe da família pra lhe proporcionar o prazer de usar um programa bem feito e útil.
Pense nisso antes de baixar “aquele aplicativozinho” só para testar.